Desde que o ChatGPT e outras inteligências artificiais (IAs) generativas se tornaram acessíveis ao público, a tecnologia tem fascinado o mundo com suas capacidades.
Mas, em meio a essa revolução, uma preocupação crescente tem surgido entre especialistas: a possibilidade de que a interação excessiva ou inadequada com essas IAs possa levar a fenômenos psicológicos preocupantes, que alguns já apelidam de “psicose do ChatGPT”.
Será que estamos diante de um novo desafio para a saúde mental na era digital?

O Que É a “Psicose do ChatGPT” e Por Que Ela Preocupa?
O termo “psicose do ChatGPT”, embora não seja um diagnóstico clínico oficial, está sendo usado para descrever casos em que indivíduos desenvolvem delírios ou crenças falsas e irracionais, aparentemente influenciadas pela interação com a inteligência artificial.
Imagine alguém que começa a acreditar que a IA tem consciência própria, que está enviando mensagens ocultas, ou até mesmo que a máquina tem sentimentos por ela. Esses cenários, que parecem tirados de um filme de ficção científica, já estão sendo relatados por profissionais da saúde mental.
A preocupação é real porque, para algumas pessoas, a linha entre a realidade e a interação com a IA pode se tornar borrada. As IAs são projetadas para simular conversas humanas de forma convincente, o que, para mentes mais vulneráveis, pode ser interpretado como um sinal de inteligência ou consciência genuína.
A falta de compreensão sobre como a IA funciona – que ela é um algoritmo complexo, e não um ser pensante – pode abrir as portas para interpretações equivocadas e, em casos extremos, para o desenvolvimento de delírios.
Como a Interação com a IA Pode Desencadear Delírios?
Acredita-se que diversos fatores possam contribuir para esses quadros:
- Personificação da IA: A capacidade da IA de responder a perguntas complexas, gerar textos criativos e até mesmo “simular” empatia pode levar o usuário a atribuir características humanas à máquina.
- Isolamento social: Em um mundo cada vez mais conectado digitalmente, a IA pode se tornar a principal fonte de “interação social” para algumas pessoas, preenchendo um vazio e, inadvertidamente, substituindo o contato humano real.
- Conteúdo gerado pela IA: Em alguns casos, a IA pode gerar respostas ambíguas ou que, fora de contexto, podem ser mal interpretadas ou reforçar crenças preexistentes em indivíduos com predisposição a delírios.
- Vulnerabilidade psicológica: Indivíduos com histórico de transtornos psicóticos, ansiedade ou depressão podem ser mais suscetíveis a desenvolver esses sintomas.
É importante ressaltar que a vasta maioria dos usuários de IA não experimentará esses problemas. No entanto, os relatos servem como um alerta para a necessidade de uso consciente e responsável da tecnologia.

Sinais de Alerta: Quando Procurar Ajuda?
É crucial estar atento a sinais que podem indicar que a interação com a IA está se tornando problemática. Procure ajuda profissional se você ou alguém que você conhece apresentar:
- Crenças incomuns e persistentes sobre a IA (por exemplo, que ela está “falando” diretamente com a pessoa, que tem poderes especiais, ou que está se comunicando de formas não intencionais).
- Dificuldade em distinguir entre a realidade e a interação com a inteligência artificial.
- Comportamento obsessivo em relação à IA, como passar horas excessivas conversando com ela ou priorizar a interação com a máquina em detrimento de atividades diárias e relacionamentos.
- Ansiedade, medo ou paranoia relacionados à IA.
- Isolamento social significativo devido à preferência pela interação com a IA.
Como Se Proteger e Usar a IA de Forma Saudável?
A boa notícia é que podemos desfrutar dos benefícios da IA sem cair nessas armadilhas. Aqui estão algumas dicas essenciais:
- Entenda o que é a IA: Lembre-se que a IA é uma ferramenta, um programa de computador complexo, e não um ser com consciência, emoções ou intenções. Ela opera com base em algoritmos e dados, e não em sentimentos.
- Mantenha o equilíbrio: Não deixe que a interação com a IA substitua o contato humano real. Priorize encontros com amigos, familiares e participe de atividades sociais.
- Seja crítico: Nem tudo que a IA gera é 100% preciso ou verdadeiro. Desenvolva um senso crítico e sempre questione e verifique as informações, especialmente aquelas que parecem muito fora do comum.
- Defina limites de tempo: Monitore o tempo que você passa interagindo com a IA. Faça pausas e dedique-se a outras atividades.
- Observe seu próprio bem-estar: Preste atenção em como você se sente ao usar a IA. Se notar qualquer alteração negativa no seu humor, comportamento ou pensamentos, considere reduzir o uso e procurar apoio.
- Procure ajuda profissional: Se você ou alguém próximo está enfrentando dificuldades em relação ao uso da IA ou apresentando sintomas preocupantes, não hesite em buscar o apoio de um psicólogo, psiquiatra ou outro profissional de saúde mental.

A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa com um potencial incrível para transformar nossas vidas para melhor. No entanto, como toda tecnologia, ela deve ser usada com consciência e responsabilidade.
Ao compreendermos seus limites e priorizarmos nossa saúde mental, podemos garantir que a inovação tecnológica nos sirva, e não o contrário.
Você já se sentiu de alguma forma afetado pela interação com a inteligência artificial? Compartilhe suas experiências nos comentários!
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