Já te aconteceu de olhar para os produtos que você vende no seu e-commerce e sentir aquela pontinha de dúvida? Você se pergunta se o preço que está cobrando é justo para o cliente, mas, ao mesmo tempo, se é o suficiente para o seu negócio se manter saudável e, o mais importante, lucrativo.
Essa incerteza é um sentimento comum a muitos empreendedores, especialmente quando o assunto é como calcular o custo de um produto. É como tentar navegar um mapa sem bússola, onde cada venda pode ser um passo para frente ou um tropeço financeiro.
A verdade é que, sem uma compreensão clara de cada centavo gasto na criação ou aquisição do seu produto, você está, na melhor das hipóteses, deixando dinheiro na mesa ou, na pior, caminhando para o prejuízo sem perceber.
Muitas vezes, a gente se foca tanto na paixão pelo produto, nas embalagens bonitas e na experiência de compra do cliente que a parte “chata” dos números fica em segundo plano. Você pode pensar: “Ah, eu sei quanto paguei, é só colocar uma margem em cima e pronto”.
No entanto, o universo do e-commerce é muito mais complexo. Existem custos escondidos, despesas fixas que precisam ser diluídas, impostos que mudam e taxas de plataformas que mordem uma fatia do seu faturamento.
Ignorar esses detalhes é como construir uma casa sobre a areia: a estrutura pode parecer sólida por um tempo, mas uma hora ou outra, a falta de fundação na sua estratégia de preços vai te trazer problemas sérios. É por isso que dominar a arte de como calcular o custo unitário de um produto é a chave para a sustentabilidade e crescimento do seu negócio digital.
Eu entendo a sua busca por clareza. Você não quer apenas “vender”, você quer construir um negócio que prospere, que te dê segurança e que permita que você invista mais no que ama fazer.
Saber exatamente como calcular o custo de um produto não é só uma tarefa contábil, é um ato de inteligência empresarial. É o que transforma um palpite em uma estratégia sólida. É o que te dá a confiança para negociar com fornecedores, para planejar promoções e para saber exatamente qual é o seu ponto de equilíbrio.
Ao longo deste artigo, vamos desmistificar essa jornada, transformando o “bicho-papão” da precificação em uma ferramenta poderosa nas suas mãos. Você verá que com a abordagem correta, calcular o custo não só se torna fácil, mas também se torna a sua maior vantagem competitiva no mercado.

O Coração da Precificação: Entendendo os Componentes do Custo
Quando falamos em como calcular o preço de custo de um produto, não estamos falando apenas do valor de compra da mercadoria. O custo é uma soma de diferentes elementos que, juntos, representam o gasto real para que aquele item esteja pronto para ser vendido e entregue ao seu cliente.
Custo de Mercadoria Vendida (CMV) ou Custo de Produção
Este é o ponto de partida. Ele representa o valor direto gasto para ter o produto.
O que entra no CMV ou Custo de Produção?
- Matéria-Prima/Custo de Aquisição: Se você fabrica, é o custo dos materiais. Se você revende, é o preço pago ao seu fornecedor, incluindo IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que não podem ser recuperados.
- Mão de Obra Direta: Se você produz, é o salário e encargos dos funcionários que trabalham diretamente na fabricação do item.
- Embalagens Diretas: O custo da caixa, pote ou invólucro que contém e protege o produto para a venda.
- Custos Indiretos de Fabricação (CIF): Despesas como energia elétrica da linha de produção, manutenção de máquinas e depreciação de equipamentos.
Custos Operacionais e Despesas
Muitos empreendedores esquecem de incluir esses valores no cálculo do produto, e é aqui que o lucro se esvai.
Custos Fixos e Variáveis do E-commerce
- Custos Fixos: São aqueles que não mudam com o volume de vendas. Eles precisam ser diluídos na sua produção. Exemplos:
- Aluguel do escritório/estoque.
- Salário da equipe administrativa e de marketing.
- Serviços essenciais (internet, telefone, softwares de gestão).
- Custos Variáveis: Mudam de acordo com a venda. Exemplos:
- Comissões e Taxas de Venda: Taxas do marketplace (Mercado Livre, Amazon), taxa do cartão de crédito ou do gateway de pagamento (PagSeguro, Pagar.me).
- Embalagens e Materiais de Expedição: Caixas de envio, fita adesiva, etiquetas.
- Frete de Envio: Mesmo que o cliente pague, você deve considerar o custo do contrato ou o valor que você subsidia.

A Fórmula Mágica: Como Chegar ao Custo Total de um Produto
O objetivo é transformar todos esses custos em um valor único por unidade, o que chamamos de custo unitário.
Passo 1: Calcular o Custo de Mercadoria Vendida (CMV)
Para a maioria dos e-commerces de revenda, o CMV é o preço do produto no fornecedor mais impostos não recuperáveis e o frete de compra.
- Fórmula Simples (Revenda): CMV=Preço de Compra+Impostos Não Recuperáveis+Frete de Recebimento
- Exemplo: Você compra 100 camisetas por R$ 20,00 cada. O frete para receber tudo é R$ 100,00.
- Custo total da compra: 100×R$ 20,00=R$ 2.000,00
- CMV Unitário (inicial): (R$ 2.000,00+R$ 100,00) / 100 = (R$ 2.100,00 / 100) = R$ 21,00
Passo 2: Diluir os Custos Fixos
Esta é a etapa crucial para saber como calcular o custo total de um produto de forma realista. Você precisa pegar o seu custo fixo mensal e dividi-lo pela quantidade de produtos que você espera ou consegue vender no mesmo período.
Fórmula da Diluição do Custo Fixo: Custo Fixo por Unidade = Custo Fixo Total Mensal / Número de Unidades Vendidas (ou Produzidas) por Mês
Exemplo: Seu custo fixo total (aluguel, salários administrativos, sistemas) é de R$ 5.000,00 por mês. Você espera vender 500 produtos.
Custo Fixo por Unidade: R$5.000,00/ 500 = R$10,00
Observação: Este é um valor estimativo. Se você vender menos, seu custo real por unidade aumenta. Por isso, a projeção de vendas deve ser realista.
Passo 3: Adicionar os Custos Variáveis por Venda
Os custos variáveis devem ser calculados com base no preço de venda final que você pretende aplicar, mas para fins de custo, vamos usar a média ou o valor nominal.
- Exemplo (Taxas e Impostos na Venda):
- Taxa do marketplace: 15% sobre o preço de venda (PV).
- Taxa do cartão de crédito: 4% sobre o PV.
- Impostos (Simples Nacional, por exemplo): 6% sobre o PV.
- Custo da Embalagem de Envio: R$ 2,00.
- Custo Variável Unitário (fixo): R$ 2,00 (embalagem)
Passo 4: Calculando o Custo Total Unitário
O custo total unitário é a soma de todos os custos que seu produto precisa absorver para que a venda não gere prejuízo.
Fórmula do Custo Total Unitário (antes das taxas %): Custo Total Unitário = Custo de Produção + Custo Fixo por Unidade + Custo Variável Fixo
Exemplo Prático (continuando):
CMV Unitário: R$ 21,00
Custo Fixo por Unidade: R$ 10,00
Custo Variável Fixo: R$ 2,00
Custo Total Unitário Base: R$21,00+R$10,00+R$2,00=R$33,00
Qualquer preço de venda abaixo de R$ 33,00, neste exemplo, fará com que você perca dinheiro, pois não cobre nem os gastos diretos, nem as despesas operacionais diluídas.
Estratégia de Preço: Além do Custo, o Valor e o Benefício
Saber como calcular o custo de um produto te dá o seu “piso” de preço (o preço mínimo para não ter prejuízo). Agora, você precisa definir o preço de venda, considerando a margem de lucro e a percepção de valor.
Margem de Lucro e Ponto de Equilíbrio
A margem de lucro é o percentual que você deseja ganhar sobre o custo, mas lembre-se que sobre ela ainda incidem os custos variáveis percentuais. O Ponto de Equilíbrio é o volume de vendas que você precisa alcançar para que a sua receita cubra todos os seus custos (fixos e variáveis).
Se o seu Custo Total Unitário Base é R$ 33,00, a sua meta deve ser vender acima desse valor, garantindo que o volume de vendas cubra seu Custo Fixo Total.
Como Calcular o Custo Benefício de um Produto
No e-commerce, o custo-benefício não é apenas sobre o seu custo interno, mas sobre a percepção do cliente.
- Percepção de Valor: O cliente compara o seu preço com o benefício que ele recebe (qualidade, marca, garantia, velocidade de entrega, atendimento). Se o seu produto tem um benefício percebido alto (ex: é exclusivo ou tem uma qualidade superior), você pode aplicar uma margem de lucro maior, pois o cliente enxerga mais valor.
- Análise da Concorrência: Você deve monitorar os preços praticados por concorrentes diretos para produtos similares. Seu preço deve ser competitivo, mas nunca a ponto de comprometer sua margem de lucro apenas para ser o mais barato. O foco deve ser em oferecer um valor superior ao preço.
Principais Pontos para o Cálculo de Custo
- CMV (Custo de Mercadoria Vendida): Preço de compra + Impostos + Frete de recebimento. É o seu custo direto.
- Custo Fixo por Unidade: Seu custo fixo total (aluguel, salários, etc.) dividido pela sua projeção de vendas/produção. Essencial para a saúde financeira.
- Custo Variável: Taxas de cartão, comissões de marketplaces, custos de embalagem de envio. Mude com a venda.
- Custo Total Unitário: CMV + Custo Fixo por Unidade + Custo Variável (taxas e embalagem). Este é o seu preço “piso”.
- Precificação: O preço de venda deve ser sempre maior que o Custo Total Unitário, incluindo a margem de lucro desejada e os custos variáveis percentuais (impostos e taxas de venda).
- Custo-Benefício: Analise o valor percebido pelo cliente e a concorrência para definir uma margem competitiva e lucrativa.
O Poder da Clareza Financeira no E-commerce
Chegamos ao final desta jornada, e espero que você sinta a mesma satisfação que eu sinto ao ver que a complexidade do cálculo de custos foi transformada em um processo claro e gerenciável.
Entender como calcular o custo de um produto não é apenas uma tarefa, é a base sólida sobre a qual todo o seu e-commerce deve ser construído. É o conhecimento que te liberta de operar no escuro e te dá o controle total sobre o futuro financeiro do seu negócio.
Agora, você tem em mãos o conhecimento necessário para ir além do preço de compra e abraçar todos os custos envolvidos: o CMV, a fundamental diluição dos custos fixos, e os variáveis que mordem a fatia final da sua venda. Esta clareza não serve apenas para evitar o prejuízo; ela serve para que você possa tomar decisões estratégicas.
Você pode negociar melhor com fornecedores, planejar promoções agressivas com segurança, e o mais importante, investir com confiança no crescimento e na otimização da sua loja virtual, sabendo exatamente qual é a sua margem real.
Não deixe que o medo dos números te paralise. Pegue a sua calculadora, aplique as fórmulas que aprendemos e comece a mapear o Custo Total Unitário de cada produto. Este é o momento de transformar a teoria em prática e dar um salto de qualidade na gestão do seu e-commerce.
O sucesso te espera, e ele é pavimentado com a precisão dos seus custos e a inteligência das suas decisões de precificação. Comece hoje a calcular com confiança e a vender com lucro garantido!

Perguntas e Respostas Essenciais sobre Custo de Produto
O que são Custos Fixos e por que eles precisam ser diluídos no custo do produto?
Custos fixos são despesas que não mudam independentemente do volume de vendas ou produção, como aluguel, salários administrativos e licenças de software.
Eles precisam ser diluídos no custo unitário do produto (divididos pelo número de unidades vendidas) porque, se não forem cobertos pelas vendas, o seu negócio terá prejuízo operacional. A diluição garante que cada produto vendido contribua para pagar essas despesas obrigatórias.
Qual a diferença prática entre CMV e Custo Total de um produto?
O CMV (Custo de Mercadoria Vendida) refere-se apenas aos custos diretamente ligados ao produto (compra, produção, frete de recebimento). O Custo Total é o CMV mais a parcela dos custos e despesas operacionais (fixos e variáveis) que o produto precisa absorver. O CMV é seu custo de estoque, e o Custo Total é o seu custo operacional mínimo.
Posso simplesmente adicionar uma porcentagem de lucro ao CMV para precificar?
Não é recomendado. Se você adicionar o lucro apenas sobre o CMV, você corre o sério risco de não cobrir seus custos fixos e variáveis de venda (como taxas e impostos).
A precificação correta exige que você adicione sua margem de lucro (ou markup) sobre o Custo Total Unitário para garantir que todas as despesas sejam pagas antes de o lucro ser contabilizado.
Como as taxas de marketplace e cartão de crédito afetam o cálculo de custo?
Essas taxas são custos variáveis percentuais que incidem diretamente sobre o preço de venda. Elas devem ser consideradas no cálculo do preço de venda, não apenas do custo base.
Você precisa usar uma fórmula de precificação que “isole” essas porcentagens para garantir que, após a dedução delas, o valor restante seja suficiente para cobrir o Custo Total Unitário e a margem de lucro desejada.
O que acontece se eu subestimar o número de unidades vendidas ao diluir o Custo Fixo?
Se você projeta vender 1000 unidades, mas só vende 500, o custo fixo real que cada uma das 500 unidades vendidas precisou cobrir será o dobro do que você calculou inicialmente.
Isso significa que, na prática, sua margem de lucro real será menor do que a esperada, ou você pode ter um prejuízo operacional, mesmo vendendo com lucro aparente.
O que é Custo de Oportunidade e devo incluí-lo no cálculo?
O Custo de Oportunidade é o valor do melhor benefício que você abre mão ao tomar uma decisão. No contexto do e-commerce, pode ser o retorno que você teria se investisse o dinheiro da compra de estoque em outra área, como em um investimento financeiro.
Embora não seja um custo contábil direto, é importante considerá-lo em sua análise estratégica para garantir que o seu negócio esteja gerando um retorno melhor do que as alternativas.
Como a sazonalidade ou promoções impactam meu Custo Unitário?
Promoções reduzem o preço de venda e, consequentemente, sua margem de lucro. No entanto, o seu Custo Total Unitário Base (CMV + Custo Fixo Diluído + Variáveis Fixos) permanece o mesmo.
Em períodos sazonais de alta venda, você pode diluir o Custo Fixo em mais unidades, reduzindo teoricamente o custo unitário e aumentando sua margem, mas é crucial monitorar a variação dos custos variáveis (como taxas promocionais).